Blog da Galatéia

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... “Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, Para aumentar com isso a minha personalidade. Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija.” Álvaro de campos

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domingo, 15 de abril de 2012

Adélia Prado - Salve Rainha




A melancolia ameaça
queria ficar alegre
sem precisar escrever
sem pensar
que labor de abelhas
e voo de borboletas
precisam desse registro.

Chorando seus casamentos,

vejo mulheres que conheci na infância
como crianças felizes.

A vida é assim, Senhor?


Desabam mesmo

pele do rosto e sonhos?
Não é o que anuncio
- já vejo o fim dessas linhas,
isto é um poema, tem ritmo,
obedece a ordem mais alta
e parece me ignorar.
Me acontecem maus sonhos:
a casa só tem uma porta,
casa prisão,
paredes altas, cômodos estreitos.

Chamo pelo homem, ele ja se foi,

quem se volta é um negro,
indiferente.

A criança que se perdera

ou deixei perder-se de mim,
é um menino lobo,
eu a encontro grunhindo,
com um casal velho de negros.
Por que os negros de novo?
Por que este sonho?
Gasto minhas horas em pedir socorro,
esgotando-me, monja extramuros,
em produzir espaços de silêncio
para encontrar Tua voz.
É medo, meu apregoado amor,
uma fita gravada, meu contentamento.
O primeiro santo do Brasil
invocou para um pobre:
"Pos partum, Virgo Inviolata permansisti.
Dei Genitrix intercede pro nobis."

Ó Virgem,

volte à minha alma a alegria,
também eu
estendo a mão a esta esmola. 

Adélia Prado

*******************Beijokas*********************

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