Blog da Galatéia

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... “Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, Para aumentar com isso a minha personalidade. Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija.” Álvaro de campos

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

O crime do professor de matemática


Adoro Clarice Lispector.
No livro "Laços de Família" existe um conto que eu já lí muitas vezes. O nome do conto está lá no título da postagem.
Aqui vai um pedacinho divino para vocês:


"Às vezes, tocado pela tua acuidade, eu conseguia ver em ti a tua própria angústia. Não a angústia de ser cão que era a tua única forma possível. Mas a angústia de existir de um modo tão perfeito que se tornava uma alegria insuportável: davas então um pulo e vinhas lamber meu rosto com amor inteiramente dado e certo perigo de ódio como se fosse eu quem, pela amizade, te houvesse revelado. Agora estou bem certo de que não fui eu quem teve um cão. Foste tu que tiveste uma pessoa."


Um grande beijo!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cecília Meireles


.. CANÇÃO ...

No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles


Beijinhos de borboleta prá todos!:)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Respire!


Diante de qualquer problema que lhe pareça sem solução, tome uma atitude inteligente, a seu favor:RESPIRE...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Álvaro de Campos


Álvaro de Campos
Reticências
Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!

Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!

Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra.

...


...Uma ótima semana a todos!!!!


Beijokas

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Gibran Khalil Gibran



"Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trémulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim"...
Gibran

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Eduardo Alves da Costa


NO CAMINHO COM MAIAKOVSKI (Fragmento)
(Eduardo Alves da Costa)

(...)
Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante; mas manhã,
diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam pela gola do paletó
à porta do templo e me pedem que aguarde
até que a Democracia se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar,
que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.

(...)


Lí numa comunidade... achei perfeito...

Beijokas

terça-feira, 7 de julho de 2009

Clarice Lispector



"Sou uma filha da natureza:
quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo."


Clarice Lispector

Beijokas prô cês!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

AMOR - ai lovi iu!!!!!!!


Casamento

"Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinho na cozinha,de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como "este foi difícil", "prateou no ar dando rabanadas" e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva."


Adélia Prado

domingo, 5 de julho de 2009

Conselho supimpa!


"Quando sentir o desejo de provocar dor, ódio, inveja, ou mêdo em alguém, lembre-se de que é apenas o seu próprio fantasma interior querendo olhar-se no espelho e rir da própria feiúra...mas por outro lado, também é muito difícil não ser um espelho."

Jan Robba


Bom domingo pessoal!!! Eu tenho feijoada na casa da sogra... show de paraquedismo, balões e corrida de bicicleta! À noitinha vou no circo!!!

Beijokinhas!!! ...e divirtam-se!

sábado, 4 de julho de 2009

Martha Medeiros


"Quem você pensa que é?

perguntou pra mim de queixo em pé...

Sou forte,
fraca,
generosa,
egoísta,
angustiada,
perigosa,
infantil,
astuta,
aflita,
serena,
indecorosa,
inconstante,
persistente,
sensata e corajosa,
como é toda mulher,
poderia ter respondido,
mas não lhe dei essa colher.

Martha Medeiros

Machado de Assis


"A Melhor definição do Amor não vale um beijo."


Bom sábado!!!

...e beijokas para todos!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Clarice Lispector


..."Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma." Clarice Lispector

Beijokas

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quem é Jan Robba?


Jan é um amigo virtual... conheci nas comunidades orkutianas e desde então estou sempre lendo suas grandes sacadas. Tenho o Jan como um homem inteligente e de bem com a vida... é essa a imagem que ele me passa... psicólogo formado sempre tem uma palavra certa para as horas incertas - mesmo que seja dentro da roupa de algum dos seus fakes... carismático como ele só, conquista os coraçõezinhos das meninas fácil, fácil... rsrs... muito, mas muito mesmo, bem humorado - menos na segunda-feira pois ninguém é perfeito... rsrs Jan é um defensor da vida e do planeta... gosta de rock, é baterista de uma banda caseira e feliz... um grande escritor... um poeta... e por isso, de vez em quando, vou reproduzir aqui no meu blog alguns de seus escritos... assim estou apresentando aos meus dois leitores (Sophie e Leo) um pouquinho de quem é Jan Robba... e agradeço publicamente por ele ter me deixado usar seus escritos no meu humilde mas amado blog... Beijokas para todo mundo!!!

Tudo bem?


Tudo bem agora
nenhuma novidade mundo afora
tudo está tão certo
que até neste deserto encontro a solidão

No final da história
há sempre um certo lapso de memória
perigo é estar tão certo
é devorar num beijo todo esse tesão

Tudo está por fora
o corpo, a casca, o frasco estão por fora
perigo está por dentro
o mêdo está por dentro do seu coração

Corre, não demora
viver é não perder o Quem da história
de olhos bem abertos
fazer o que é certo e saber dizer não.

Jan Robba

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Descobri Myléne Valente!


...e suas lindas aquarelas....

Vejam aqui: http://www.myvalente.com/myvalent.html

por Galatéia

...


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Clarice Lispector

N U V E N S



No dia triste o meu coração mais triste que o dia... Obrigações morais e civis? Complexidade de deveres, de consequências? Não, nada... O dia triste, a pouca Vondade para tudo... Nada... Outros viajam (também viajei), outros estão ao sol (Também estive ao sol, ou supus que estive), Todos tem razão. Ou vida, ou ignorância sintética, Vaidade, alegria e sociabilidade, E emigram para voltar, ou para não voltar. Em navios que os transportam simplesmente. Não sentem o que há de morte em toda partida, De mistério em toda chegada, De horrível em todo novo... Não sentem: por isso são deputados e financeiros, Dançam e são empregados do comércio, Vão a todos os teatros e conhecem gente... Não sentem: para que haveriam de sentir? Gado vestido dos currais dos Deuses, Deixá-lo passar engrinaldado para o sacrifício Sob o sol, álacre, vivo, contente de sentir-se... Deixai-o passar, mas ai, vou com ele sem grinalda Para o mesmo destino! Vou com ele sem o sol que sinto, sem, vida que tenho, Vou com ele sem desconhecer... No dia triste o meu coração mais triste que o dia... No dia triste todos os dias... No dia tão triste.. Álvaro de Campos