Blog da Galatéia

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... “Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, Para aumentar com isso a minha personalidade. Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija.” Álvaro de campos

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domingo, 30 de maio de 2010


Há algo nele que despe minhas vergonhas, que afugenta meus pudores, que descerra minhas vontades, algo que me permite, me autoriza, me incita. Nele sou uma redução ao simples, cru, nu, essencial. Nele sou sem máscara, sem alegorias e adereços, sem camuflagem. Nele posso ser lama, dama, cama, drama e verdade, ainda que torta, ainda que feia, ainda que abjeta. Nele posso mostrar o que me envergonha, o que dói, o que é chaga. E ele não ri, a ele não repugna, não enoja, não diverte. Ao contrário. Ele lambe minhas feridas.

Patrícia Antoniete



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